Um Presente na Corrida
Freud aceita uma proposta inusitada e ganha um presente inesperado durante a corrida matinal.

O relógio vibra no braço de Freud. São quatro e meia da manhã. Martha dorme profundamente ao seu lado e ele enfrenta a vontade de fazer o mesmo. Meia hora depois está na frente do apartamento fazendo o alongamento. Confere o treino no relógio, organiza a playlist e começa a correr. São quinze quilômetros pela frente.
O sol ainda não nasceu. As ruas estão iluminadas pelos postes. A cidade está vazia. Ele aproveita a falta de carros e usa a faixa de estacionamento da avenida como pista de corrida. Na metade do treino, faz o retorno e mantém o ritmo, agora na outra pista.
Concentrado no ritmo e com fones de ouvido, não percebe o carro se aproximando. Só se atenta quando a passageira abaixo o vidro ao seu lado. Ele diminui as passadas e retira o fone de ouvido, para ouvir a pergunta:
-Bom dia, moço. Pode me dar uma informação?
Freud para a corrida. O carro é novo, um modelo de luxo. Ela está com os cabelos presos em um rabo de cavalo. O rosto é bonito e o sorriso é amistoso. Ele imagina que ela tenha ao redor de quarenta anos. O motorista é um homem. Freud não consegue ver muitos detalhes dele.
-Pois não?
-Estamos procurando a Padaria dos Sonhos. Sabe onde fica?
Parado ao lado do carro, ele observa o mapa na tela do painel. Intrigado, responde rápido, já se preparando para retomar a corrida:
-Daqui uns dois quilômetros, nessa mesma avenida.
Ele coloca o fone de ouvido de volta e ela insiste:
-Você corre aqui todos os dias?
Entre intrigado e preocupado, ele vai direto ao ponto:
-Senhora, como eu posso ajudá-los?