Um Desejo do Passado
Silvia reencontra Renato pelo Facebook após mais de vinte anos. A amizade entre os dois culmina com um almoço e uma tarde de sexo intenso. E só!

Mais uma semana trancada por causa da pandemia. Após alguns ajustes, conseguimos estabelecer uma rotina que nos atende. De manhã, acordo antes que o Tiago e faço meu treino de corrida na rua. A máscara, ainda obrigatória, fica pendurada no pescoço. Quando volto, Tiago já está de banho tomado. Ele prepara o café enquanto eu tomo meu banho. Acordo as crianças e tomamos o café da manhã juntos.
Após o café, as crianças assistem a aula online de seus quartos. Tiago segue sua rotina de reuniões virtuais no escritório. Eu fico com a sala. Meus compromissos profissionais são poucos. Em duas horas estou livre deles. Daí eu preciso inventar alguma coisa para passar o tempo.
Hoje, motivada por um daqueles e-mails automáticos, acessei minha conta no Facebook para responder os pedidos de amizade. Há anos deixei de acessar. Dezenas de pedidos de amizade. Vou olhando um por um. A maioria, são de pessoas que não conheço ou não me lembro. Familiares distantes e amigas do passado também aparecem. Aceito alguns convites e aproveito para checar o perfil e me atualizar sobre as novidades dessas pessoas. Nada que mereça registro.
No primeiro momento, não reconheci o Renato. O grande número de amigos em comuns me chamou a atenção e olhei com mais calma. Uma foto antiga me despertou. Fomos colegas de escola. E no primeiro ano do ensino médio, tive um crush por ele. Renato foi um de meus primeiros beijos. Ele beijava muito bem e tinha as mãos mais ágeis que eu tinha conhecido até então.
Aliás, foi por causa dessa agilidade toda que nosso relacionamento não foi adiante. Enquanto eu ainda era virgem e só pensava em beijar, Renato já transava e queria me incluir na sua lista de conquistas da escola. Não aceitei e ele partiu para a próxima. Foi minha primeira decepção com os homens. Ele tinha aquela conversa de garoto apaixonado, mas na semana seguinte já estava desfilando pela escola com uma menina do segundo ano que, segundo as más línguas, já trepava.
Enquanto essas lembranças me dominavam o pensamento, eu vasculhava o perfil dele. Estava casado. Jéssica, a esposa, parecia mais jovem do que ele. Eu não a conhecia. Muito bonita. Renato também estava muito bem cuidado. As fotos de família mostravam um casal de gêmeos, mais velhos do que minha filha. Uma família de comercial de margarina.
Fechei o notebook para esquentar o almoço e me peguei lembrando do beijo do Renato. Era um beijo bom. Por muito tempo, foi minha referência de beijo. Foi inevitável a dúvida: será que ele trepava tão bem quanto beijava? Deixei a dúvida de lado quando o almoço ficou pronto.
-Crianças, o almoço está na mesa!