Truco na Faculdade

Freud encontra em Ellen uma parceira incrível no jogo de truco. A parceria floresce e os dois passam uma noite quente no motel. Após as férias, Freud tem uma surpresa ao reencontrar Ellen.

Truco na Faculdade
Photo by Samuel Regan-Asante on Unsplash

Anos 1990. Trabalho em período integral e faço o curso superior no período noturno. No campus universitário, o maior da cidade, o público é bastante diverso. Nos cursos menos concorridos, como o meu, pessoas mais velhas, que já estão no mercado de trabalho.

Nos cursos mais populares, muita gente jovem que não consegue aprovação para os turnos matutino e vespertino, mais concorridos. Ao redor do campus, diversos bares garantem a diversão daqueles que não levam a vida universitária tão a sério.

Um desses bares, na frente do estacionamento onde deixo meu carro, possui duas mesas na parte de trás. Nessas mesas o proprietário permite o jogo de truco. Ficam longe do movimento da calçada e por isso provavelmente ficariam vazias, preteridas por aqueles que querem ver e serem vistos.

Eu sou fã do jogo de truco. Até o semestre anterior, minha presença ali era constante. Meu parceiro, aluno de uma turma mais avançada que a minha, se formou e eu me afastei das partidas.

Além do truco, o bar oferece o melhor lanche da região, na minha opinião. Meu dia no trabalho foi intenso. Chego na faculdade atrasado para a apresentação de trabalho. No intervalo entre as aulas, com fome, vou para o bar lanchar. Nas mesas de truco, uma dupla masculina enfrenta uma dupla feminina.

Acompanho de longe. A dupla feminina está na frente. Vence duas partidas. A dupla masculina vence uma. Uma das meninas se levanta.

-Tenho que ir embora.

Os rapazes não gostam. Insinuam que elas estão fugindo, agora que eles iriam ganhar. Ela não dá papo e vai embora. A parceira fica, sentada à mesa. Nossos olhares se cruzam. Termino o lanche. Ela me encara e pergunta.

-Ei, quer jogar comigo?

Aceito. Com o refrigerante ainda pela metade, sento-me na frente dela. Ela estica a mão.

-Ellen.

Retribuo.

-Freud.

Rapidamente ela pisca um olho, depois o outro. E faz os sinais das cartas mais altas. Aceno positivamente, mostrando que entendi. A partida começa. Os rapazes falam muito, são atrevidos, provocadores. Eu e Ellen nos mantemos em silêncio. Já na primeira mão, percebemos que nosso estilo é semelhante. Ela sorri. Eu também.

Jogamos em silêncio. Os adversários gritam e Ellen reage com calma, dobrando a aposta. Eles ficam incomodados. Perdem a partida e o rumo. Deixam a mesa bravos, realmente chateados. Ela ri. Outra dupla senta-se à mesa. Eu e Ellen jogamos três partidas. Vencemos as três. Ao final da terceira, ela olha para o relógio.

-Tenho que ir.

Me levanto junto com ela.

-Eu também.

Caminhamos juntos até a entrada do meu bloco. Ela se despede.

-Meu bloco é lá no final.

Ela anda um pouco e se vira.

-Amanhã?

Aceno que sim…