Peão de Rodeio
Silvia visita a fazenda, assiste o show do Almir Sater e conhece Adriano, morador de uma fazenda vizinha e peão de rodeio. Uma gentileza dele dá início a uma rápida amizade entre os dois, que culmina com uma transa ao céu aberto.

Chego na fazenda um pouco antes do almoço. Dona Betinha me recebe, feliz por me ver ali. Desde minha última visita, quase um ano se passou. Ela deixa Janice, sua prima, encarregada de terminar os preparativos do almoço e ajuda a me acomodar.
Abre as janelas do quarto principal e troca os lençóis. Desfaço minha pequena mala e me preparo para um banho. Antes de deixar o quarto, Dona Betinha mata sua curiosidade.
-Fica quantos dias, Silvinha?
-Só até amanhã, Dona Betinha. Vim só renovar o contrato de arrendamento.
Tomo um banho gostoso. Aquela casa tem cheiro de infância para mim. São muitas memórias. Algumas mais recentes. Saio do banho e me deito na cama, pelada. Impossível não lembrar do que passei naquela cama com Seu Leôncio, marido de Dona Betinha e dono de um dos maiores cacetes que eu já vi.
Foi uma única vez, há mais de dois anos. E nunca mais tocamos no assunto. Eu sei que Dona Betinha sabe, afinal foi ela quem mandou o marido me procurar naquela noite. Admiro a discrição dela, de nunca tocar no assunto comigo.
Coloco minha roupa de fazenda: calça jeans, camisa de manga e botina. Encontro as duas na cozinha, preparando a mesa. Janice está bem diferente da primeira vez que a vi. Mais à vontade e sem mostrar o sofrimento daqueles primeiros dias como amante de Seu Leôncio. Certamente já esta acostumada. E pelo sorriso no rosto, feliz.
Seu Leôncio chega meio-dia em ponto. Me cumprimenta formalmente.
-Bom dia, Dona Silvinha.
Retribuo.
-Bom dia, Seu Leôncio. Como estão as coisas por aqui?
-Tudo certo, Dona Silvinha. Posso mostrar para a senhora, depois do almoço.
-Não precisa, Seu Leôncio. Eu vim renovar o contrato de arrendamento. Só isso.
-Tudo bem, Dona Silvinha.
Sentamos à mesa e almoçamos. Quem olhar a cena, nunca diria que aquele senhor sério já tinha comido o rabo de nós três. Pensando nisso, não disfarço o sorriso. Sempre atenta e sábia, Dona Betinha percebe.
-Como estão as coisas em casa, Silvinha?
-Ah, tudo bem, Dona Betinha. Tudo bem…
Seu Leôncio não tira os olhos do prato. Ele termina o almoço, toma café, se despede e vai para sua soneca. Ficamos as três sentadas na mesa. Em silêncio. Janice olha para Dona Betinha. Ela comanda.
-Pode ir, Janice.
Ela se levanta. Se despede e vai, sorrindo, cumprir suas obrigações com Seu Leôncio. Dona Betinha sorri.
-Essa aí aprendeu a gostar, Silvinha.
-Tô vendo, Dona Betinha.
Ela muda de assunto.
-Vai no show, Silvinha?
-Que show, Dona Betinha?
-Do Almir Sater, na feira agropecuária. É hoje.
-Ah, eu não sabia que estava rolando a feira. Lembro-me quando papai nos levava. Continua boa?
-O tempo passa para tudo, Silvinha. Faz muitos anos que não vou. Mas ainda é o maior evento da região. Deve estar boa, sim.
-Quer saber, Dona Betinha, eu vou!