O Hóspede do Quarto ao Lado
Martha desce ao bar do hotel para buscar um vinho. Troca provocações com o hóspede que está no quarto ao lado. De volta ao quarto, dá um show acústico para o vizinho, com ajuda de Freud.

O dia foi cheio. Freud e Martha entram no quarto do hotel cansados.
-Caramba, Freud. Caminhamos demais. Quantos quilômetros?
-Quase quinze, Martha. Foi um bom passeio. A cidade é linda.
-É sim. Estou cansada. Preciso de um banho.
-Vou abrir um vinho.
Martha pega sua taça e leva para o banheiro. Deixa a porta aberta. Freud coloca música. Ao lado do chuveiro, segura sua taça e a taça dela. Conversam sobre o dia.
-Freud, adorei o mercado. Uma delícia almoçar lá.
-Eu fiquei surpreso. Esperava um lugar mais sujo. Estava bem limpo.
-E esse bairro aqui próximo do hotel?! Cada lugar mais charmoso que o outro. E esse café da rua de trás?! Fantástico!
-A cidade é muito charmosa, né?!
-Sim, bem charmosa.
Martha sai do chuveiro. Freud entra em seguida. Ela usa o secador nos cabelos. Ele sai do banho. Se seca com a toalha. Ela coloca a calcinha. Serve mais vinho. Se deita na cama. Ele vem logo depois. Apenas de cueca.
-Que banho gostoso, Martha. A ducha é ótima!
-Coloca um filme pra gente assistir, Freud.
Juntos, escolhem uma comédia romântica. Luzes apagadas. Quarto iluminado apenas com a tela. O filme começa bem. A trama é boa. Mas os atores não convencem.
-Filme chato, Freud.
-O roteiro é bom. Os atores parece que não têm química.
-Preciso de mais vinho. A garrafa está vazia.
-Só tinha essa garrafa. Amanhã compramos mais.
O filme segue, moroso, chato. Freud continua atento. Martha, impaciente.
-Freud, vou buscar um vinho lá no bar.
-Eu quero ver o filme. Tá quase terminando.
-Pode ver. Depois me conta o final. Vou lá buscar o vinho.
Ela coloca um sobretudo sobre a calcinha. Calça a sandália e sai do quarto. Ele fica assistindo o filme.