O Homem Rústico
Na capital do agronegócio Silvia conhece um homem rústico. Após algumas interações, se surpreende com sua sofisticação, passam uma noite juntos e ela recebe uma proposta atrevida envolvendo o homem.

O piloto anuncia o pouso no aeroporto de Sinop. Pela janela, vejo a paisagem dominada pelo verde da soja, entrecortada por pedaços de floresta. É minha primeira vez na capital do agronegócio. Meu cliente está negociando com um produtor local e meu trabalho é fazer a verificação das garantias. Serão pelo menos três dias na cidade.
Pego um táxi do aeroporto até o hotel. O simpático motorista, ao saber que é minha primeira vez, me surpreende com alguns dados econômicos da região. E a imponência dos condomínios de alto padrão que ele me mostra no caminho até o hotel falam por si só. A cidade é rica. Eu não esperava encontrar algo assim no interior do Mato Grosso.
O hotel está cheio. Vários dos passageiros do voo estão ali. A fila para o check-in está grande. Meu compromisso com o cliente é mais tarde, então pego um café e sento em um dos confortáveis sofás da recepção. Aproveito para praticar um de meus esportes favoritos: analisar os homens que ali estão.
O vejo pela primeira vez fila. É alto, se destaca entre os demais. Barba rala. Calça jeans, botina e camisa com as mangas dobradas. Cinto de couro. Rústico, é a minha definição. Chega sua vez. Ele sai da fila e vai até o balcão. Observo melhor. Forte, sem exageros. E uma bela bunda. Eu acho que já escrevi isso antes, mas reforço aqui: homem com a bunda grande me deixa no mínimo curiosa.
Ele é atendido rapidamente. Deve ser hóspede frequente. Deixa a recepção e sai do hotel. A fila está vazia e me dirijo ao balcão. Preencho meus dados, assino a ficha, recebo o cartão do quarto e as informações. Entro no elevador e quando a porta está se fechando, sou surpreendida com uma mão forçando a abertura. É o rústico. Ele entra, com uma mala, e abre um sorriso.
-Desculpe, posso subir com você?
Aceno positivamente. Apenas ele e eu no elevador. Meu andar é o oitavo. Ele aperta o nove no painel. Me olha e parece que finalmente me percebe. Minha roupa de executiva da cidade grande deve ter despertado sua curiosidade.
-Primeira vez em Sinop?
-Sim, ainda não conhecia.
-Vai gostar. A cidade é muito boa para negócios.
Dou um sorriso. Ele continua.
-Meu nome é Raul. Sou agrônomo e moro em Cuiabá. Conheço bem Sinop e a região. Se precisar de alguma coisa, conte comigo.
Ele estende a mão. Eu o cumprimento e retribuo a apresentação.
-Silvia. Sou advogada e estou na cidade a negócios.
O aperto de mão dele é firme. A mão é calejada, diferente das que estou habituada a cumprimentar. O elevador chega no meu andar. Agradeço, antes de sair.
-Obrigada, Raul.