O Amigo Respeitador

O voo pousa no horário no aeroporto de Florianópolis. Freud e Martha caminham rapidamente pelo desembarque. Freud olha as mensagens no celular e dá a notícia à Martha:

-O rapaz desmarcou.

-Como assim?! Ele tinha confirmado ontem. O que aconteceu?

-Ele disse que o chefe dele veio visitá-lo. Não vai conseguir escapar.

-Não acredito. Eu estava tão animada para esse ménage, Freud…

-Acontece, Martha…

No Uber, a caminho do hotel, Freud repassa a programação do final de semana:

-Hoje temos o final de tarde e a noite livres. Amanhã tenho reunião da corrida no meio da tarde e depois o jantar com o grupo. No Sábado é a prova. E no Domingo, voltamos nosso voo é no meio da tarde.

-Amanhã vamos à praia, então?! Espero que tenha sol.

-Sim, o pessoal costuma ir à Praia da Joaquina.

-E hoje?! Qual a programação?

-Podemos encontrar com a turma no Armazém. É um dia agitado lá. Muita gente bonita.

-Ótimo. Quem sabe a gente encontra alguém para substituir o furão, né?!

-Pode ser, mas temos que dormir cedo, para aproveitar a praia amanhã.

-Se não encontrarmos alguém logo cedo, você dá conta de mim depois.

Freud faz um sinal com a mão, mostrando que a motorista do Uber está ouvindo a conversa. Martha não deixa barato:

-Amiga, você acredita que um solteiro aqui de Floripa deu o bolo na gente?! Agora vou ter que caçar um outro e ainda com limitação de horário. É mole?!

Tentando demonstrar naturalidade, a motorista a acolhe:

-A senhora é bem bonita, certamente vai conseguir outra pessoa.

Martha até pensa em estender a conversa, mas ter sido chamada de senhora foi uma ducha de água fria.

-Espero que sim.