Despedida de Solteira
Uma amiga de Freud precisa de um gogo boy para uma despedida de solteira. Ele se oferece para o papel. Usa uma máscara, para não ser reconhecido. O show é um sucesso. A noiva se empolga e transa com Freud. Uma madrinha também.
Os anos da faculdade foram de grande transformação pessoal para mim. Entre os colegas, eu era o único que trabalhava. A experiência do mercado de trabalho me ajudava em várias matérias. Eu fazia questão de mostrar isso nas participações. Ganhei fama de exibido com vários colegas.
Mais tarde, percebi que poderia aprender, desde que estivesse disposto a isso. Passei a ouvir mais e falar menos. As partidas de truco nos bares ao lado da faculdade eram uma tentação, bem como as colegas de outros cursos, já que a minha turma tinha um número reduzido de mulheres.
Uma dessas mulheres era Laura. Como eu, ela entrou na faculdade depois da idade normal. Éramos os mais velhos da turma. Nossos colegas eram pelo menos cinco anos mais novos. Isso nos aproximou. Gostávamos de sentar no fundo da sala. Lá pela metade do curso, passamos a sentar lado a lado. Era uma amizade só na sala de aula. Praticamente não tínhamos contato do lado de fora.
Dia normal de aula. Cheguei mais cedo e fui para a sala. Minutos depois, Laura entrou. Estava com uma expressão de preocupação. Logo que ela sentou, eu a abordei.
-O que foi Laura? Problemas no trabalho?
-Antes fosse. Estou com uma missão complicada.
-O que é?
-Prefiro não falar.
Dei de ombros e respeitei. Retomei a leitura do livro, enquanto ela olhava anotações no caderno. Os colegas iam chegando e um pouco antes do professor entrar, ela fez uma pergunta para a qual eu não estava preparado:
-Freud, você conhece algum gogo boy?
Ela falou isso baixinho e viu a minha cara de susto com a pergunta.
-Não, Laura. Para que você precisa de um gogo boy?
Ela me fitou nos olhos, antes de contar.
-É a missão que te falei. Uma amiga vai se casar. Eu e outra madrinha estamos organizando a despedida de solteira. E eu fiquei com a tarefa de contratar um gogo boy. Conhece alguém?
A Laura que eu conhecia era uma mulher elegante, sempre bem vestida na sala de aula, para onde vinha depois do trabalho. Eu também ia para a faculdade após o expediente e com trajes formais. A cena de Laura em uma despedida de solteira com um stripper não encaixava no que eu conhecia dela. E isso mexeu com minha curiosidade. Sem pensar muito, fiz uma brincadeira atrevida.
-Não, não conheço. Mas se estiver difícil encontrar, eu posso ser esse gogo boy.
Foi a vez dela me olhar assustada. Com a chegada do professor, interrompemos a conversa.
