Cine Privê ao Vivo
Martha tem a fantasia de ficar em uma vitrine como as moças de Amsterdam. Freud dá a ela a chance de viver isso, em um apartamento na Avenida Paulista. O show que ela dá vai muito além de seus planos iniciais.
Terça-feira. Oito da noite. Sacada do apartamento. Vinho. Petiscos. Após um dia intenso de trabalho e treinos físicos, o casal relaxa. Martha está nostálgica.
-Freud, estava lembrando de nossas viagens. Quero voltar à Mendoza!
-Ah, Martha, eu também quero. Mas a Argentina ficou muito cara para os brasileiros…
-Poxa, Freud, você adora jogar água fria nos meus planos quentes, né?!
-Chama-se realidade, querida.
Resignada, ela serve mais uma dose de vinho.
-Aquelas cidades pequenas na Bélgica, como se chamam?
-Bruges e Gantes.
-Adoráveis! Quero morar lá…
-Em qual delas?
-Em qualquer uma, Freud. Qualquer uma.
-E vai viver de quê?
-Sei lá! Se precisar, vendo o corpo.
-Então a melhor escolha é Amsterdam. Lá isso é legalizado.
Os olhos de Martha brilham. O passeio pelo Red Light Distric foi marcante. Ela relembra.
-Aquelas mulheres todas nas vitrines. Que situação única!
-Um pouco degradante, eu diria.
-Ah, você sempre olha o copo meio vazio. Eu fiquei excitada.
-É, eu me lembro.
-Eu queria viver aquilo. Estar em uma vitrine como aquela. Ser vista por todos que passam por ali…
-Ah, é?! Não sabia dessa sua fantasia…
-Você não conhece nem dez por cento de minhas fantasias, Freud.
Ela toma um gole de vinho, sorrindo, admirando a cara de espanto que ele faz. Ele quer saber mais.
-E qual é a fantasia? Ser vista, estar disponível ou cobrar pelos serviços?
-Ah, sei lá! Uma mistura disso tudo.
-Hum…
Ela olha para a taça de vinho. Pensa um pouco.
-Eu gosto de ser vista. Quando transamos com outros nos olhando, isso me excita. Ser vista em uma situação diferente, acho que é isso que me excita mais nesse cenário.
Freud olha para a taça. Seu olhar está ali. Sua mente já partiu. Está traçando planos.
-Entendo, Martha. Entendo…