Brincando com o Controle Remoto

Final de tarde. O sol se põem devagar. Depois de uma soneca reparadora, Freud e Martha assistem um filme no sofá da sala. O mistério se apresenta e Martha é rápida em desvendar:

-Foi o amante dela.

Freud acha que isso seria óbvio demais. Parece o tipo de filme que reserva uma virada no final. Ele arrisca:

-Foi o marido.

-Claro que não, Freud. Ele ficou cuidando das crianças. Ela é infiel. Arrumou um amante  mala. E se deu mal. Simples assim.

Ele insiste.

-Foi o marido.

-Foi o amante. Quer apostar?!

Ele acha arriscado seu palpite. Pensa que se perder a aposta, talvez saia ganhando. Corre o risco.

-Aposto. Quem ganhar escolhe a prenda.

-Fechado. Foi o amante. Você vai ver só! E prepare-se que a prenda será especial!

Ele fica preocupado. Assistem o filme calados, cada um torcendo pelo seu culpado. Ao final, foi o marido. Martha não se conforma.

-Puta que pariu! Ninguém presta nesse filme. A mulher é infiel e o marido é bandido.

-Filmes nórdicos, Martha. A vida como ela é, nua e crua.

-Ah, já tinha assistido, né?! Não vale.

-Primeira vez que assisto, mas tinha meu palpite. Apostei e ganhei. Agora, a prenda.

Ela tenta escapar e se aproxima, toda carinhosa.

-Ah, Freud, deixa a prenda para lá… venha cá, estou com tesão.

Ele não vai perder a chance.

-Guarde seu tesão. Vai precisar dele. E temos o jantar logo mais.

-Putz, já tinha esquecido. Marcamos às oito com o pessoal.

-Se atrasarmos, sua irmã fica brava.

-Vou me arrumar. Amanhã tratamos da prenda.

-Nada disso. Vai pagar a prenda no jantar. Pegue seu vibrador com controle remoto.

-Nem fudendo, Freud! No jantar com minha irmã e nossos amigos caretas?! Nem fudendo!

-Vai sim, Martha. Aposta é aposta. Você sabe bem disso.

-É sério que vai me forçar a fazer isso?

-É sério, é muito sério, é seríssimo. Pode pegar o vibrador. Vou carregá-lo.

Freud coloca o brinquedo para carregar e certifica-se que o aplicativo de controle remoto está funcionando no celular. Martha se rende:

-Vou tomar banho.