Anatomia de um Boquete
Freud recebe um boquete de Martha, enquanto assiste seu time disputar a final do campeonato deitado no sofá da sala.

Domingo. Quatro da tarde. No sofá da sala, Freud assiste ao futebol. O sofá é grande e o acomoda deitado. Lá fora, o sol brilha forte. O jogo é importante, final de competição. Ele está tenso, preocupado. Torce pelo time de coração.
Martha está na sacada. Navega pelas redes sociais na tela do celular. Na outra mão, uma taça de vinho. Ela ri com alguns memes. Salva outras postagens de lugares interessantes para a próxima viagem. Encaminha uma receita para Freud, na expectativa de que ele faça para ela.
O jogo começa. Freud assiste calado, como de praxe. O primeiro tempo termina em zero a zero, sem grandes chances para nenhuma das equipes. Ele aproveita o intervalo para ir ao banheiro e tomar água. Antes do início do segundo tempo, visita Martha na sacada.
-Oi querida, é bom o vinho?
-Oi querido, sim é aquele que gosto. Como está o jogo?
-Tenso!
-Sério?! Nem ouvi você gritando.
-Jogo duro, os dois times estão cautelosos. Vale o título.
Ele acaricia os cabelos dela. Vê sua taça vazia e serve mais um pouco de vinho.
-Obrigado, querido.
-Vi a receita que mandou. Quer que eu faça hoje à noite?
-Não sei se temos todos os ingredientes…
-Acho que sim. Depois do jogo eu olho com calma. Se faltar algum, busco no mercado.
-Ah, então eu quero sim, querido.
Eles trocam um beijo. Freud volta para a sala. Vai começar o segundo tempo.