A Viagem de Ônibus

Martha viaja até São Paulo em um ônibus leito noturno. Divide a poltrona com Rogério, um jovem que gosta de aprender com as mulheres mais experientes. Martha dá uma boa lição no aprendiz.

A Viagem de Ônibus
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-Martha, precisamos resolver sua ida para São Paulo. Faltam menos de três semanas.

-Eu sei, Freud. As passagens estão muito caras. Estou esperando os preços abaixarem.

-É feriado prolongado, Martha. A tendência é os preços subirem. Acho melhor procurarmos outras alternativas.

-Quais?

-Você pode ir de carro ou de ônibus.

-De carro, não. É uma viagem cansativa. De ônibus?! Deve ser muito ruim…

-Pegue um ônibus leito. Embarca a noite e chega em São Paulo de manhã, logo cedo. Seis ou sete horas de viagem.

-Será?! Não sei se consigo dormir no ônibus…

Os dois avançam na conversa. Martha resistindo, Freud removendo os obstáculos. Ela concorda com a aventura. Compram uma passagem para quinta-feira às dez da noite. Ônibus leito. Na hora de marcar a poltrona, ela escolhe uma janela. A poltrona ao lado, no corredor, está vazia.

-Tomara que ninguém compre, Freud.

-É leito, Martha. Se alguém comprar, não vai te incomodar.

Chega o dia da viagem. Freud faz as últimas recomendações.

-Leve um travesseiro e uma coberta. Pode fazer frio no ônibus. E vá com roupa leve.

-Eu vou com moletom, Freud. Pode deixar.

-Leve uma bateria extra para o celular.

-Verdade. Já ia me esquecendo disso…