A Policial Civil
Em viagem de trabalho à Rondônia, Freud conhece Paloma, uma jovem policial civil. Os dois passam juntos o final de semana e aproveitam bem a energia da juventude. Na segunda-feira, as atitudes dela colocam Freud em uma posição delicada.

Rondônia crescia a todo vapor no final dos anos 1990. Meu trabalho em uma empresa de transporte rodoviário de passageiros me levava até o estado pelo menos uma vez por mês. Cheguei em uma das maiores cidades do estado na segunda-feira no final do dia, após deixar Cuiabá na madrugada anterior e dirigir o dia inteiro. Eu gostava muito da estrada.
Na cidade a empresa tinha um dos seus pontos de apoio, que chamávamos de garagem. Lá, além de uma oficina completa para a manutenção dos ônibus, alojamentos para os motoristas e dois quartos para funcionários que estivessem na cidade à trabalho. Ocupei um desses quartos.
Meu trabalho consumia longas horas durante o dia e à noite eu só queria dormir. Assim foi durante toda a semana. Na sexta-feira, ao invés de voltar para casa, como era o plano original, decidi passar o fim de semana e emendar outro projeto na semana seguinte. Assim eu economizaria uma viagem até o estado naquele ano. E também me daria a oportunidade de explorar a cidade.
Peguei algumas dicas e escolhi uma boate que ficava na praça principal da cidade. Pelas informações, era a melhor da cidade, frequentada pelos jovens. Com dezenove anos recém completados, achei que era o melhor lugar para começar. Estacionei o carro da empresa na praça e entrei na boate pouco depois das dez da noite.
Fiquei positivamente surpreso. O ambiente era bem agradável. Música boa na pista de dança. Muitos espaços com sofás, mesas e cadeiras ao redor da pista. Um bar com um longo balcão logo na entrada, antes da pista. E gente bonita. Agora era só enfrentar a minha timidez.
Para ajudar com isso, pedi uma cuba libre, com muita Coca Cola, e me sentei no balcão. Era o máximo de álcool que eu me permitia naquela época. Tomando a bebida devagar, fiquei observando as mulheres, tentando encontrar algum olhar interessado. Distraído, nem percebi quando ela se sentou ao meu lado.
-Oi, o que você está bebendo?
Tomei um susto e demorei a responder.
-Cuba libre.
Ela sorriu. Provavelmente pensou, mas não disse, que era bebida de meninas. Pediu uma Coca Cola ao barman. Alta, com cabelos pretos, compridos e lisos. Pele morena. Tinha um rosto bonito, marcante. Olhos escuros que me olhavam com firmeza, até me intimidando. Estava com uma camisa de manga comprida, com uma camiseta por baixo da camisa e calça jeans, mostrando um corpo bem cuidado. Depois de pegar sua bebida, se encostou de costas no balcão, de olho para a pista de dança.
Eu a olhava, incrédulo. Era mais velha do que eu. Estimei que ela tivesse vinte e cinco anos, mais ou menos. Depois soube que tinha vinte e oito. Ela me pegou olhando, sorriu e me estendeu a mão.
-Paloma.
Devolvi o sorriso e o cumprimento.
-Freud.
Antes que eu tivesse tempo de esticar a conversa, ela colocou a bebida sobre o balcão e se afastou. Só deu tempo dela avisar.
-Depois eu volto.