A Ilha Mágica
Passar a noite sozinha em uma ilha foi a aposta dela com o desconhecido. Coisas estranhas aconteceram naquela noite.

A bordo da escuna, em direção à Ilha de Anhatomirim, eu lembrava de comovaquilo tinha começado, há quase seis meses: uma mensagem sem sentido no meu celular perguntava “qual foi a última vez que você fez alguma coisa pela primeira vez?”.
O remetente era anônimo e meu primeiro impulso foi apagar e bloquear. Mas a provocação me fez refletir e me peguei pensando no assunto. Sou atrevida, ousada e me considero uma mulher sem medo. E não conseguia lembrar quando tinha feito algo novo.
Me senti provocada e respondi: “acabei de fazer, respondendo a um desconhecido”.
Àquela mensagem se seguiram outras e em pouco tempo nossas conversas estavam intensas. Eu não fazia a menor ideia de quem estava do outro lado. Aos poucos fui descobrindo algumas coisas. A primeira percepção foi de que era uma pessoa inteligente, que escrevia bem, respeitando a boa gramática e com bom vocabulário.
Depois deixou escapar que era um homem, o que eu já suspeitava desde a primeira mensagem. Mais algumas semanas de conversas provocativas, e ele soltou que me conhecia profissionalmente. Isso me fez pensar seriamente em encerrar aquilo e fiquei quase uma semana sem responder.
A curiosidade falou mais forte e retomei o diálogo.
Falávamos de vontades e desejos, sem baixar o nível para o atalho raso da pornografia. Ele me provocava, com conversas de duplo sentido, mas nunca foi vulgar ou inconveniente. Aos poucos deixei de perguntar quem era ele e o aceitei como um amigo imaginário atrevido, inteligente e que me provocava sensações muito boas apenas com palavras.
Em uma conversa sobre ousadia ele perguntou se eu teria coragem de passar uma noite em um lugar mal assombrado. Eu disse que adorava conversar com os espíritos e tinha certeza que faria qualquer fantasma se apaixonar por mim e deixar de importunar os vivos.
DUVIDO!